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sexta-feira, 7 de setembro de 2012













Humanidade
Olho os humanos com seus pobres corações despedaçados, olho-os com dó, mas eles me olham com um olhar eflúvio, não entendem o que quero, nem eu sei o que quero.
Eles perambulam se amontoando como formigas, sem se ajudarem, sem se comunicarem, cada um com seu mundo, com seu ser, seu trabalho, sua insignificância.
Vejo em seus olhos mundos perfeitos, vejo em seus corações podres emoções, vejo em suas mentes idéias complexas trancafiadas a mil chaves dentro do seu ser.
Ouço o arrastar das correntes ilusórias que carregam estes pobres seres, sinto o cheiro dos seus perfumes baratos, dos seus cigarros tóxicos misturando-se com o cheiro dos escapamentos dos seus carros.
O sorriso é ilusório, o choro que me rasga é real, não vejo vida nestes pobres humanos, vejo tristeza guardada, enrugada pelo tempo, eles sentem avidez, o poder corrompe o homem. 
Eles sentem desejos ditos como impuros, mas seu ser é a impureza, seus desejos meros desejos normais, por que tenho pena deles? Porque sou um deles.
Tenho pena de mim, porque nada sei, porque nada vejo, nada ouço, nada sinto, nada escrevo. O que sei é pouco, o que vejo ninguém vê, o que ouço são sons distorcidos identificáveis, o que sinto ninguém sente, o que escrevo ninguém lê, nada tem sentido na bola de neve de acasos que é a vida, nada a não ser a morte, a bela morte.
A felicidade eu perdi na estrada da vida, o sorriso está enferrujado e eu permaneço calado, trancafiado no meu quarto com meus cadernos.
Meu coração está cortado, um conte profundo onde jorra sangue em formato de poesia, mas continuo sem parar, com a única certeza a morte, bela morte incerta.
Este texto começou de um jeito e está terminando de outro, não sei se você me entenderá, mas dir-te-ei que eu sou você. (Jose Arnulda) 

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